Inadimplência de pessoas físicas bate novo recorde e afeta quase metade da população adulta
- Editorial Resenha Diária

- 19 de out.
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Número de brasileiros com contas em atraso ultrapassa 71 milhões, pressionando consumo e crédito e exigindo resposta urgente do mercado e das famílias.
A inadimplência das pessoas físicas no Brasil alcançou em 2025 níveis inéditos — uma situação que sinaliza desgaste econômico para as famílias e aponta riscos para o crédito e o crescimento.Segundo o Indicador de Inadimplência da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e do SPC Brasil, divulgado em setembro, cerca de 71,86 milhões de consumidores adultos estavam negativados, o equivalente a aproximadamente 43,14% da população adulta do país.
Essa marca representa um avanço nos recordes históricos: em abril, já havia sido registrado valor de 70,29 milhões de inadimplentes.
Perfil e características do endividamento
A faixa etária mais afetada é a dos 30 aos 39 anos, que concentra cerca de 23,7% dos inadimplentes — mais de 17 milhões de pessoas. As mulheres representam 51,18% dos inadimplentes, enquanto os homens somam 48,82%. Em média, cada consumidor com contas em atraso devia cerca de R$ 4.801,45, com pendências em média junto a 2,22 empresas credoras. Grande parte das dívidas em atraso está entre 3 a 4 anos de atraso — o que ressalta que não se trata apenas de uma crise momentânea, mas de dívidas que se acumulam.
Causas do recorde de inadimplência
Os especialistas apontam alguns fatores principais:
A persistência de taxas de juros elevadas, que encarecem o crédito e dificultam o pagamento.
Inflação e custo de vida pressionando o orçamento familiar, reduzindo margem para pagar dívidas.
Mercado de trabalho com informalidade elevada ou renda estagnada, limitando capacidade de sanar dívidas antigas.
Crescimento dos atrasos em dívidas “menores” (até R$ 500) — ainda que com valor individual baixo, quando em volume geram impacto significativo.
Impactos para o consumo, crédito e economia
Uma inadimplência elevada reduz o poder de compra das famílias: menos crédito, menos consumo, menor arrecadação e menor giro na economia.Para o setor de crédito, a alta inadimplência gera maior risco, leva a taxas mais altas para todos e restringe novas concessões. O comércio sente primeiro: menos vendas porque consumidores endividados evitam compras ou crédito.
Segundo a CNDL, “o Brasil apresenta hoje um quadro de inadimplência estrutural… sem iniciativas coordenadas … o sistema de crédito permanecerá caro e com exclusão financeira”.
Regiões mais impactadas
Regionalmente, o Centro-Oeste lidera com cerca de 46% dos adultos negativados e registrou a maior alta anual. Sudeste, Norte, Nordeste e Sul também tiveram aumentos, embora em níveis relativos ligeiramente mais baixos.
Cenário e recomendações
Diante desse cenário, especialistas defendem:
maior foco em educação financeira para evitar endividamento novo;
programas de renegociação de dívidas, especialmente para valores menores (até R$ 1.000), que concentram grande volume de casos;
políticas públicas que promovam geração de emprego formal, renda estável e expansão responsável do crédito.
empresas de crédito e comércio revisando práticas de concessão e cobrança para reduzir pendências crônicas.




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