A Polícia Civil de São Paulo concluiu investigação preliminar que resultou no indiciamento de Roberta Cristina Veloso Fernandes, irmã gêmea de Ana Paula Veloso Fernandes, estudante de direito acusada de matar por envenenamento quatro pessoas entre os estados de São Paulo e Rio de Janeiro. As apurações apontam que Roberta atuava como cúmplice em parte dos crimes, auxiliando no planejamento ou execução das ações. O caso ganhou força após o inquérito inicial que investigava um episódio em Guarulhos, no começo de 2024, quando Ana Paula teria deixado um bolo envenenado em uma sala de aula. A intenção teria sido incriminar outra pessoa, mas a análise policial acabou revelando um padrão semelhante em mortes ocorridas ao longo dos meses seguintes. As vítimas identificadas no processo são: Marcelo Hari Fonseca e Maria Aparecida Rodrigues (ambas em Guarulhos), Neil Corrêa da Silva (Duque de Caxias, RJ) e Hayder Mhazres (São Paulo). Nos casos envolvendo Neil e Hayder, as investigações indicam que a motivação estaria relacionada a interesses financeiros ou pessoais. Segundo o Ministério Público, Ana Paula mantinha um perfil manipulador: aproximava-se das vítimas sob pretexto de relacionamento, amizade ou ajuda, com o objetivo de conquistar confiança antes de aplicar o veneno. Roberta e outra acusada, Michelle Paiva da Silva — filha de uma das vítimas — estariam envolvidas em parte dos atos auxiliar. Roberta foi presa em agosto deste ano, em São Paulo, após a polícia identificar indícios de que ela prestou auxílio logístico — como locomoção, acesso a locais ou manipulação de evidências. Não há, até o momento, confirmação pública de que ela teria aplicado os venenos, mas sua responsabilização criminal se funda no suporte necessário para que Ana Paula agisse com mais liberdade. O Ministério Público aguarda resultados dos laudos toxicológicos e periciais de exumação dos corpos para reforçar as provas. Um dos corpos já foi exumado para análise laboratorial; no caso das vítimas já enviadas para fora do país (como Hayder), serão solicitadas cooperações internacionais. A denúncia formal contra Ana Paula já foi aceita pela Justiça, e ela responde em prisão preventiva pelas quatro mortes. Roberta, por sua vez, está presa de forma temporária até que se conclua o inquérito. O Ministério Público avaliará em que grau cada acusada responderá nos crimes — homicídio qualificado, participação ou coautoria. O caso repercutiu fortemente no meio jurídico e na opinião pública. Especialistas alertam para a complexidade das investigações com irmãos ou gêmeos envolvidos: é comum haver divergência nas versões, dificuldades de identificação física e desafios de distinguir promoção ou instigação de execução direta. A defesa de Ana Paula alega que seu relato inicial não configura confissão plena, e que sua versão será esclarecida em juízo. Enquanto o processo avança nos tribunais, fica evidente que essa investigação expõe não só a escalada da criminalidade sofisticada no Brasil — como o uso de venenos discretos — mas também os desafios da persecução em contextos onde vínculos familiares complicam a atribuição individual de culpa.