Arsenal pesado: Rio de Janeiro registra 593 fuzis apreendidos nos primeiros nove meses de 2025
- Editorial Resenha Diária

- 21 de out.
- 3 min de leitura
Entre janeiro e setembro de 2025, a Polícia Civil e a Polícia Militar do estado do Rio de Janeiro retiraram das ruas 593 fuzis, média de dois por dia, número recorde desde o início da série histórica iniciada em 2007 e que equivale a cerca de 40% de todas as apreensões desse tipo no país.

O estado do Rio de Janeiro vive um cenário alarmante no que se refere à circulação de armamento de guerra. Conforme relatório divulgado pelo Instituto de Segurança Pública do Rio de Janeiro (ISP-RJ), entre janeiro e setembro de 2025 foram apreendidos 593 fuzis em operações das polícias Civil e Militar. Esse número representa a maior quantidade registrada desde o início da série histórica mantida pelo ISP, em 2007. Além disso, segundo a Secretaria Nacional de Segurança Pública (Senasp), o Rio de Janeiro concentra cerca de 40% das apreensões de fuzis ocorridas no Brasil até agosto de 2025.
O que esses números mostram
A média de apreensões no período é de aproximadamente dois fuzis por dia.
Em setembro apenas, os registros de roubos — de carga, rua e veículos — caíram no estado, enquanto as apreensões de armas de grande porte subiram para esse recorde histórico.
Esse dado indica uma escalada no poder de fogo das facções criminosas e milícias, assim como uma intensificação das operações policiais de combate ao armamento pesado.
Fatores ligados ao aumento das apreensões
Especialistas destacam que há uma combinação de fatores que alimentam esse quadro:
As facções organizadas passaram a montar fuzis no país a partir da importação de peças, o que altera o perfil das armas apreendidas.
A disputa territorial entre grupos criminosos em favelas e periferias do estado intensifica os confrontos e o uso desse tipo de armamento.
O investimento em inteligência policial, operações planejadas e integração entre corporações também contribuem para o aumento das apreensões — ou seja: mais armas estão sendo retiradas de circulação.
Impactos e desafios para a segurança pública
A presença massiva de fuzis representa um risco elevado: armas de grande calibre aumentam letalidade e gravidade dos confrontos, tanto contra policiais quanto contra civis.
Embora as apreensões cresçam, o volume de armamento em circulação pode superar os esforços de controle, exigindo ações estruturais que vão além da mera apreensão — como desarticulação de fábricas clandestinas, controle de munições e fronteiras de entrada de armas.
O recorde de apreensões não implica automaticamente em queda da violência: é preciso monitorar também índices de homicídio, confronto armado, roubos com uso de fuzil e outros indicadores de letalidade.

Próximos passos e cenário para o restante de 2025
Com os três trimestres já concluídos, as forças de segurança do Rio de Janeiro devem intensificar operações nas áreas de maior convergência de crimes — como comunidades em disputa de poder, corredores de contrabando de armas e regiões com histórico de uso de fuzis.Para o restante do ano, o desafio é converter o âmbito quantitativo de apreensões em efeitos qualitativos na redução da violência. Isso inclui:
A persistência de operações de inteligência para localizar fábricas de montagem de armas, redes de tráfico de armamento e logística de munições.
A articulação entre níveis estadual e federal para bloqueio de entrada de peças de armas, controle de armazenamento e responsabilização jurídica de envolvidos.
A transparência e o acompanhamento dos dados: a manutenção ou aumento das apreensões podem indicar tanto sucesso operacional quanto agravamento da escalada armamentista deste tipo de crime.



Comentários