China convoca avanço nas negociações com os Estados Unidos e abre nova fase comercial
Editorial Resenha Diária
18 de out.
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China convoca os Estados Unidos a acelerarem negociações comerciais: proposta inclui exportações de tecnologia em troca de retirada de sanções.
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Pequim, 18 de outubro de 2025 — A China anunciou nesta semana que está pronta para dar um passo significativo nas negociações com os Estados Unidos, sinalizando uma nova fase de aproximação comercial entre as duas potências. O chamado do governo chinês indica que Pequim busca acelerar entendimentos em áreas-chave como exportação de minerais críticos, cadeia de suprimentos tecnológica e remoção de restrições impostas por Washington.
"Entenda o caso"
Desde 2020, China e Estados Unidos mantêm tensões comerciais marcadas por tarifas elevadas, controle de exportações e disputas sobre tecnologia. Em mais uma rodada de conversações diplomáticas realizadas em Genebra em maio de 2025, ambas as partes concordaram em uma “moratória” temporária para aumentos tarifários, mas deixaram pendentes temas como subsídios chineses à indústria local e acesso de empresas estadunidenses ao mercado chinês.
Agora, o governo chinês formalmente convoca que “as negociações avancem de modo substantivo” e afirma que irá “aprovar com prioridade” pedidos de exportação de itens antes restritos, se os Estados Unidos, por sua vez, eliminarem várias das sanções que vigoram contra empresas chinesas.
"O que a China propõe"
O comunicado oficial do Ministério do Comércio da China destaca que o país está preparado para reagir com rapidez a solicitações de exportação de minerais e componentes críticos — especialmente aqueles usados em semicondutores, tecnologia de baterias e telecomunicações. Em contrapartida, exige que os Estados Unidos cancelem “de forma correspondente” um conjunto de medidas de controle de exportação que impactam empresas chinesas de alta tecnologia.
Esse movimento simboliza, segundo analistas, uma tentativa de Pequim de recuperar o protagonismo na cadeia global de fornecimento tecnológico e mitigar riscos de dependência ao suprimento dos Estados Unidos e seus aliados.
"Reação dos Estados Unidos"
A Casa Branca ainda não se manifestou com um pacote oficial em resposta ao anúncio chinês. Fontes envolvidas nas negociações afirmam que a equipe estadunidense está “avaliando a proposta” e que Washington verá com atenção se a China estará disposta a comprometer-se com maior abertura ao investimento estrangeiro e proteção de propriedade intelectual — dois temas que vêm sendo considerados obstáculos centrais no diálogo bilateral.
"Impactos e desdobramentos"
A possível retomada acelerada das negociações entre China e Estados Unidos pode desencadear efeitos profundos no comércio global, nas cadeias de suprimento e no setor tecnológico.
Para a China, trata-se de fortalecer sua posição estratégica como fornecedora de minerais críticos e componentes tecnológicos, reduzindo vulnerabilidades frente aos Estados Unidos.
Para os Estados Unidos, uma abertura chinesa relevante poderia aliviar tensões comerciais, reduzir custos de componentes importados e oferecer maior previsibilidade para indústrias americanas.
Globalmente, outros países poderão observar esse movimento como um recuo temporário da guerra comercial ou como ajuste das alianças tecnológicas mundiais.
Analistas alertam contudo que “avançar” não significa “resolver tudo”. Persistem questões delicadas como os subsídios estatais chineses às empresas de tecnologia, a segurança nacional ligada à 5G e à inteligência artificial, e as garantias de tratamento recíproco para empresas americanas na China. Em outras palavras: há muito caminho pela frente.
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"Projeções e o que ficou para depois"
Especialistas projetam que, caso ambas as partes se comprometam ainda este ano, pode haver assinatura de um memorando de entendimento até o início de 2026. No entanto, se qualquer um dos lados recuar, o risco de escalada de tarifas ou novas restrições tecnológicas permanece elevado.
"Por que isso importa"
Essa iniciativa marca um momento de inflexão na relação entre China e Estados Unidos, duas economias que respondem por dezenas de trilhões de dólares em comércio bilaterial e que influenciam grande parte da economia mundial. Uma reviravolta positiva pode sinalizar para mercados, investimentos e cadeias de produção que a era da “desglobalização tecnológica” pode dar lugar a uma administração mais pragmática das rivalidades estratégicas.
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