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JORNAL RESENHA DIÁRIA

Israel acusa Hamas de violar acordo e retoma ataques em Gaza

  • Foto do escritor: Editorial Resenha Diária
    Editorial Resenha Diária
  • 19 de out.
  • 4 min de leitura

O frágil cessar-fogo firmado entre Israel e o grupo Hamas voltou a ruir neste domingo (19), após novas trocas de acusações e o lançamento de uma série de ataques aéreos israelenses contra alvos na Faixa de Gaza. O governo de Benjamin Netanyahu afirma que o Hamas violou o acordo ao realizar disparos de projéteis e ataques pontuais contra posições militares israelenses. O Hamas, por sua vez, nega as acusações e diz que Israel tenta fabricar um pretexto para retomar a ofensiva.


A tensão reacendeu em um momento em que organismos internacionais alertam para a deterioração humanitária no território palestino, com hospitais sobrecarregados, acesso restrito à ajuda humanitária e destruição em larga escala.


Foguetes sendo lançados em gaza
Israel retoma ataques em Gaza - Imagem CNN.com

Israel fala em “resposta necessária” a violações

O Exército israelense (IDF) declarou em comunicado que “foram detectados disparos antitanque e fogo direto contra posições israelenses nas proximidades da cerca de segurança de Gaza”. Segundo o governo, os ataques do Hamas configuram uma “violação clara” da trégua assinada no início de outubro.Em reação, a Força Aérea israelense lançou novos bombardeios sobre as cidades de Rafah, Khan Younis e Beit Lahia, no sul e norte da Faixa de Gaza. Fontes palestinas relatam que os ataques atingiram áreas residenciais e instalações civis próximas a campos de refugiados.


O gabinete de segurança de Netanyahu declarou que “Israel continuará a agir contra qualquer ameaça que atente contra a segurança de seus cidadãos”.


Hamas nega ataques e acusa Israel de sabotar a trégua

O porta-voz do Hamas, Hazem Qassem, classificou as alegações israelenses como “infundadas” e afirmou que o grupo estava cumprindo os termos do cessar-fogo mediado pelo Egito e pelo Catar. Segundo Qassem, os novos bombardeios provam que Israel “nunca teve intenção real de respeitar o acordo”.“O inimigo israelense quer impor sua agenda pela força, aproveitando qualquer pretexto para continuar destruindo Gaza e punindo seu povo”, disse o representante do movimento.


Autoridades de Gaza informaram que os ataques israelenses das últimas 24 horas deixaram ao menos 27 mortos e mais de 90 feridos, incluindo crianças. O Ministério da Saúde do enclave afirma que os hospitais estão operando com geradores de energia e estoques críticos de medicamentos.


Cessar-fogo em risco: o que estava em jogo

O acordo de trégua, firmado em 11 de outubro de 2025, previa a suspensão das hostilidades e a retomada gradual da ajuda humanitária através do posto de fronteira de Rafah, no sul de Gaza. Também havia cláusulas sobre trocas de reféns e prisioneiros, incluindo mulheres e idosos.


Nas primeiras semanas, o cessar-fogo reduziu a intensidade dos combates e permitiu a entrada de cerca de 300 caminhões de ajuda por dia — número ainda insuficiente, segundo a ONU, mas considerado um alívio temporário.


Com a nova ofensiva, as agências de ajuda humanitária relatam que a passagem de Rafah foi fechada novamente, interrompendo o fluxo de alimentos e combustível.



Soldados israelenses caminhando por Gaza
O cessar-fogo reduziu a intensidade dos combates e permitiu a entrada de cerca de 300 caminhões de ajuda por dia

Linha do tempo da escalada recente


Linha do tempo da escalada recente

Balanço de mortos e feridos

De acordo com o Ministério da Saúde de Gaza, desde o início da guerra, em 2023, mais de 68 mil palestinos morreram e mais de 128 mil ficaram feridos em consequência dos ataques israelenses.Os números são considerados preliminares e podem ser maiores, pois há centenas de corpos sob os escombros de áreas densamente bombardeadas. Do lado israelense, as perdas somam cerca de 1.200 mortos desde o primeiro ataque do Hamas, incluindo soldados, civis e reféns.


O Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos (ACNUDH) afirma que os ataques de ambos os lados podem configurar “violações graves do direito internacional humanitário”.


Ajuda humanitária bloqueada e crise civil

A ONU, o Crescente Vermelho e várias ONGs relatam que os bombardeios interromperam novamente o envio de ajuda por via terrestre. O fechamento da passagem de Rafah impede a entrada de combustível e suprimentos médicos.A ONU estima que mais de 1,9 milhão de pessoas, cerca de 85% da população de Gaza, foram deslocadas de suas casas. Abrigos e escolas estão superlotados, e há relatos de surtos de doenças infecciosas devido à falta de saneamento.


“O cessar-fogo já era precário; agora ele se desfez completamente. Gaza volta a ser um campo de ruínas”, declarou o representante da Cruz Vermelha no Oriente Médio, Fabrizio Carboni.


Reações internas em Israel e Gaza

Dentro de Israel, parte da população pressiona por uma resposta ainda mais dura, enquanto familiares de reféns exigem negociações urgentes.Em Gaza, milhares de pessoas foram às ruas protestar contra o retorno dos bombardeios, pedindo que o cessar-fogo seja retomado e a ajuda humanitária chegue novamente.O clima é de desespero e fadiga: “Não é mais guerra, é sobrevivência”, disse uma moradora de Khan Younis à agência Reuters.


Análise: o impasse entre segurança e sobrevivência

Israel insiste que não pode aceitar “nenhuma ameaça armada em suas fronteiras” e que o Hamas ainda representa risco concreto. Por outro lado, analistas apontam que os bombardeios contínuos e o bloqueio criam um ciclo de radicalização difícil de romper.Enquanto o governo israelense fala em “guerra pela segurança”, para os palestinos, trata-se de uma “luta pela sobrevivência”.


Conclusão

A retomada dos ataques marca o colapso de mais uma tentativa de cessar-fogo e revela o quanto o conflito Israel–Hamas segue preso entre desconfiança, vingança e tragédia humanitária.Sem garantias de paz ou planos concretos de reconstrução, Gaza volta a ser palco de um drama que, dois anos após o início da guerra, parece longe de chegar ao fim.

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