Névoa tóxica encobre a Índia: qualidade do ar despenca e visibilidade cai após o Diwali
- Editorial Resenha Diária

- 21 de out.
- 3 min de leitura
A capital indiana, Nova Délhi, amanheceu envolta em uma densa camada de fumaça após as celebrações do festival de Diwali. O índice de qualidade do ar ultrapassou a marca dos 400 pontos em várias regiões, nível considerado “perigoso” para a saúde, reduzindo a visibilidade e comprometendo as atividades diárias da população.

Poluição extrema toma conta da capital indiana
O amanhecer de Nova Délhi nesta terça-feira (21) revelou um cenário preocupante: ruas cobertas por uma névoa densa, visibilidade reduzida e ar quase irrespirável. De acordo com dados do Central Pollution Control Board (CPCB), o Índice de Qualidade do Ar (AQI) ultrapassou 400 pontos em diversos bairros — marca que enquadra a cidade na categoria “severa” ou “perigosa”.
A situação se agravou após as comemorações do Diwali, o festival das luzes, quando milhões de fogos de artifício são lançados por todo o país. O fenômeno é recorrente nesta época do ano, mas em 2025 as condições meteorológicas e o acúmulo de poluentes potencializaram os efeitos.
Causas da piora na qualidade do ar
Especialistas apontam um conjunto de fatores que se combinam para a deterioração atmosférica:
Queima de fogos e poluentes liberados durante o Diwali, que elevam os níveis de partículas finas (PM2,5 e PM10).
Queima de palha agrícola nos estados vizinhos de Punjab e Haryana, que contribui para o aumento de fumaça transportada para Délhi.
Inversão térmica e ventos fracos, típicos do pós-monsoon, que impedem a dispersão dos poluentes.
Emissões veiculares e obras urbanas que mantêm a concentração de poeira e gases tóxicos em suspensão.
O resultado é uma mistura perigosa de partículas e gases, formando o chamado “smog” — combinação de fumaça e neblina — que encobre a cidade e dificulta até mesmo a visão a poucos metros de distância.
Efeitos imediatos sobre a população
Com o ar classificado como “perigoso”, as autoridades de saúde recomendam que moradores evitem atividades ao ar livre e utilizem máscaras filtrantes.Hospitais da capital relatam aumento na procura por atendimento de pessoas com irritação nos olhos, crises de asma e falta de ar.
Escolas públicas e particulares suspenderam aulas presenciais, e o governo de Délhi avalia restrições temporárias ao tráfego de veículos pesados e obras de construção.Em algumas áreas, o nível de visibilidade caiu para menos de 300 metros, afetando o transporte aéreo e rodoviário.

Reação do governo e planos emergenciais
O governo local acionou o Plano de Ação de Resposta Gradual à Poluição do Ar (GRAP), que prevê medidas escalonadas conforme o agravamento da situação.Entre as ações já implementadas estão:
Suspensão temporária de obras de grande porte.
Limitação de veículos a diesel e caminhões de carga.
Aumento da fiscalização sobre a queima de resíduos.
O ministro do Meio Ambiente de Délhi, Gopal Rai, declarou que a prioridade é “proteger a saúde pública e reduzir a exposição da população aos poluentes”.
Um problema que se repete anualmente
A poluição do ar na Índia é um dos problemas ambientais mais persistentes do país. Segundo o relatório da IQAir 2024, 13 das 20 cidades mais poluídas do mundo estão em território indiano.Durante o outono e início do inverno, as condições climáticas desfavoráveis e os incêndios agrícolas formam um cenário ideal para o aumento do smog.
Em 2024, Nova Délhi registrou mais de 120 dias com qualidade de ar “muito ruim” ou “severa”, segundo o Centro de Pesquisa em Energia e Ar Limpo (CREA). A tendência de 2025 segue igual ou pior, com recordes já no início da temporada de poluição.
Perspectivas e desafios
A curto prazo, meteorologistas alertam que os níveis de poluição podem permanecer elevados pelos próximos dias, já que não há previsão de ventos fortes ou chuvas capazes de dispersar os poluentes.A médio e longo prazo, especialistas reforçam a necessidade de políticas integradas de redução de emissões, incentivo ao transporte elétrico, e controle mais rígido sobre a queima de resíduos agrícolas.
“Sem uma mudança estrutural na forma como o país lida com energia, transporte e resíduos, as medidas emergenciais só funcionarão como paliativos temporários”, destaca o climatologista indiano Anumitra Sharma.



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