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JORNAL RESENHA DIÁRIA

2035 em foco: como tecnologia, energia verde e demografia vão redesenhar a economia global

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    Editorial Resenha Diária
  • 14 de out.
  • 3 min de leitura
Imagem de uma mesa com dinheiro e um globo terrestre em cima
Como IA, energia limpa, demografia e geopolítica devem transformar a economia global até 2035 — impactos em empregos, cadeias produtivas e investimentos.
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A economia mundial passará por uma reconfiguração profunda na próxima década. A combinação de inteligência artificial (IA), transição energética, reordenação das cadeias produtivas e mudanças demográficas aponta para um ambiente mais digital, descentralizado e competitivo — porém também mais complexo e sujeito a choques. Empresas, governos e trabalhadores que se prepararem agora tendem a capturar as melhores oportunidades até 2035.


IA generativa e automação devem elevar a produtividade em praticamente todos os setores. Serviços financeiros, saúde, varejo e indústria já começam a incorporar sistemas que aceleram decisões, personalizam ofertas e reduzem custos. Ao mesmo tempo, funções repetitivas serão gradualmente substituídas, exigindo requalificação constante e novas competências (engenharia de prompts, segurança de IA, governança algorítmica, integração homem‑máquina). Países e empresas com infraestrutura de dados robusta e capital humano digital estarão à frente.


A transição energética, aliada a políticas industriais, impulsiona a “reindustrialização verde”. A demanda por eletrificação, hidrogênio de baixo carbono, biomassa avançada e captura de CO₂ cresce, ao passo que minérios críticos — como lítio, níquel, cobalto e cobre — se tornam estratégicos. Esse movimento fortalece o nearshoring e o friend‑shoring, encurtando rotas, reduzindo riscos e aproximando produção de grandes mercados. No curto prazo, cadeias mais redundantes pressionam margens; no longo, elevam a resiliência.


A geopolítica econômica avança para um cenário multipolar. Tensões entre grandes potências, reconfiguração de alianças e sanções financeiras aceleram a fragmentação de fluxos comerciais e de capitais. No sistema financeiro, moedas digitais de bancos centrais (CBDCs) e arranjos de liquidação regionais podem reduzir custos de pagamento e de remessas, aumentar a inclusão e ampliar o uso de moedas locais no comércio. Ao mesmo tempo, a regulação de criptoativos e stablecoins tende a apertar, buscando mitigar riscos sistêmicos sem frear inovação.


Demografia será um divisor de águas. Estados Unidos, Europa, Japão e China envelhecem rapidamente, comprimindo a força de trabalho e elevando gastos com saúde e previdência. Em contrapartida, Índia, Sudeste Asiático, África Subsaariana e parte da América Latina apresentam bônus demográfico — uma janela de oportunidade para acelerar crescimento se houver investimento consistente em educação, saúde, formalização e infraestrutura. Migração qualificada deve ganhar peso como estratégia de competitividade, especialmente em setores de alta tecnologia.


A economia da atenção e a propriedade de dados ganham nova centralidade. Regras de privacidade mais rígidas, a necessidade de transparência algorítmica e o avanço da IA generativa exigem governança robusta. Empresas que dominam first‑party data, confiança do consumidor e parcerias para data sharing tendem a se diferenciar. Direitos autorais, segurança e mitigação de vieses em modelos de IA entram de vez no compliance.


Saúde e biotecnologia emergem como motores de produtividade. Terapias gênicas, edição CRISPR, diagnósticos avançados e medicina personalizada podem reduzir custos de longo prazo e elevar a qualidade de vida, com impactos diretos na participação laboral. A bioeconomia se expande para materiais sustentáveis, proteínas alternativas e agricultura de precisão, integrando tecnologia ao campo e à indústria.


Infraestrutura digital e urbanização inteligente sustentam a próxima onda de eficiência. Redes 5G/6G, computação em nuvem e edge computing habilitam fábricas conectadas, logística preditiva e serviços públicos digitais. Cidades que investirem em mobilidade elétrica, saneamento, adaptação climática e iluminação eficiente atrairão capital privado via PPPs e títulos verdes.


Para o Brasil, há desafios e oportunidades. O país parte com vantagem em matriz elétrica relativamente limpa, potencial em biocombustíveis, agronegócio competitivo, minerais críticos e um grande mercado interno. Por outro lado, precisa acelerar a simplificação tributária, melhorar logística, reduzir custo de capital, ampliar segurança jurídica e investir pesado em qualificação técnica (IA, dados, manutenção avançada). Uma política industrial focada em encadeamentos locais e valor agregado pode destravar exportações mais sofisticadas.


Para empresas e investidores, a agenda prática inclui: tornar resiliência um pilar estratégico (diversificação de fornecedores, estoques inteligentes, cibersegurança), investir em pessoas e requalificação contínua, ancorar decisões em dados e governança, e ajustar portfólios para temas estruturais — IA, energia limpa, infraestrutura digital, biotecnologia e economias com bônus demográfico. A década será dos preparados.

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