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JORNAL RESENHA DIÁRIA

CBP desmonta registro que embasou prisão de Filipe G. Martins e abre investigação nos EUA

  • Foto do escritor: Editorial Resenha Diária
    Editorial Resenha Diária
  • 13 de out.
  • 2 min de leitura
CBP contesta registro de entrada de Filipe G. Martins nos EUA
CBP contesta registro de entrada de Filipe G. Martins nos EUA, aponta erro que não deveria embasar prisão e abre investigação; processo no STF segue com outras provas.
Ouça a Matéria:

A U.S. Customs and Border Protection (CBP), agência responsável pelo controle de fronteiras dos Estados Unidos, contestou formalmente o registro migratório que apontava a entrada de Filipe G. Martins em solo norte-americano em 30 de dezembro de 2022, informação que constou na fundamentação de sua prisão preventiva no âmbito da operação Tempus Veritatis. Em nota pública, a CBP afirma que o dado é incorreto, que não deveria ter sido usado para “prisão ou condenação” e que abriu investigação interna para apurar como o registro equivocado foi inserido no sistema. A agência também informou que tomará medidas para evitar novas “discrepâncias” desse tipo.


A contestação da CBP reforça uma linha factual que já vinha sendo sinalizada no processo brasileiro: em agosto de 2024, a Procuradoria-Geral da República (PGR) pediu e o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), revogou a prisão preventiva de Martins, apontando a inexistência de motivos para mantê-la, inclusive diante de dúvidas sobre a alegada saída do país no período sensível pós-eleições. Esse ponto específico, a suposta entrada de 30 de dezembro de 2022, ganha novo peso com a revisão técnica da base de dados migratórios dos Estados Unidos.


Segundo as reportagens do Poder360 e do InfoMoney, a CBP foi taxativa ao dizer que a revisão completa das evidências levou à conclusão de que Martins não entrou nos Estados Unidos naquela data, reprovando “qualquer uso indevido dessa informação falsa de entrada” para embasar medidas restritivas. Em paralelo, a defesa de Martins sustenta que a narrativa de tentativa de fuga caiu por terra com a nota norte-americana e que o episódio evidencia falhas graves no encadeamento probatório.


No plano processual, o caso de Martins integra o chamado “núcleo 2” da denúncia apresentada pela PGR ao STF sobre a suposta trama golpista após as eleições de 2022. Esse núcleo reúne investigados que, de acordo com a acusação, ocupavam posições relevantes e teriam operacionalizado aspectos jurídicos do plano. O processo caminha para a fase final, com a apresentação de alegações finais, etapa que teve idas e vindas sobre a representação de defesa e foi recentemente ajustada por decisão do relator.


É importante destacar que a correção do registro migratório pela CBP, embora relevante, não zera o restante do material probatório sob análise do Supremo. A denúncia abrange várias frentes, como documentos, depoimentos e mensagens, e a conclusão sobre responsabilidade penal cabe ao julgamento colegiado, após o devido processo legal. Por outro lado, a contestação norte-americana tende a influenciar a valoração de provas relacionadas à suposta fuga, além de acender um alerta sobre a qualidade das informações internacionais que chegam a procedimentos judiciais no Brasil.


No curto prazo, o desdobramento mais concreto é a investigação aberta pela CBP para identificar a origem do dado incorreto e a eventual adoção de medidas corretivas internas. Do lado brasileiro, o efeito será processual e argumentativo: defesa e acusação ajustarão suas teses à nova informação oficial vinda dos Estados Unidos, enquanto o STF mantém o cronograma rumo à sentença no “núcleo 2”.

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