Ciro Gomes prepara adeus ao PDT e acena à aliança com o Centrão
- Editorial Resenha Diária

- 18 de out.
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O ex-ministro e ex-presidenciável Ciro Gomes vive um momento decisivo em sua trajetória política. Após mais de uma década filiado ao Partido Democrático Trabalhista (PDT), o cearense articula sua saída da legenda e se aproxima de partidos do Centrão, movimento que pode redefinir alianças e abrir novas frentes políticas no Brasil.


Ciro Gomes em rota de colisão com o PDT
Fontes próximas ao PDT afirmam que a relação entre Ciro e a sigla está desgastada há meses. O clima de tensão cresceu após divergências sobre o rumo do partido e o desempenho nas últimas eleições. De acordo com o vereador Adail Jr. (PDT-CE), a saída é apenas uma questão de tempo. “Se houvesse janela partidária agora, ele já teria saído. A decisão é irreversível”, disse o parlamentar.
A alta cúpula do PDT, que sempre tratou Ciro como uma figura central, já admite nos bastidores que o rompimento é inevitável. Uma ala do partido acredita que a permanência dele “atrapalha a reorganização interna” — especialmente no Ceará, reduto político do ex-ministro.
Bastidores e reações dentro do partido
Internamente, o PDT tenta conter a debandada de aliados que seguem a liderança de Ciro. Dirigentes regionais afirmam que a indefinição sobre o futuro do ex-presidenciável tem gerado desgaste político e insegurança entre filiados.Colunas de bastidores em Brasília relatam que “cardeais do PDT” torcem para que Ciro deixe o partido logo, a fim de iniciar um novo ciclo sem o peso de disputas internas.
A relação azedou após o desempenho nas eleições de 2022, quando Ciro obteve apenas 3% dos votos válidos. Desde então, seu espaço dentro da legenda encolheu, e divergências estratégicas sobre o posicionamento político ficaram mais evidentes.
Convites do Centrão e possíveis novos destinos
A movimentação de Ciro não se limita à desfiliação. Fontes revelam que ele tem mantido diálogo com lideranças do União Brasil e do PSDB, siglas que orbitam o chamado Centrão.Esses partidos veem em Ciro uma oportunidade de atrair um nome nacional com experiência administrativa e discurso independente, capaz de agregar votos no Nordeste.
A estratégia, segundo analistas, é pavimentar o caminho para 2026, com Ciro atuando como articulador regional ou até candidato ao governo do Ceará. O reposicionamento político indica uma transição da centro-esquerda para uma linha mais pragmática e de composição.
Impactos para o PDT e o cenário cearense
A saída de Ciro representa um abalo para o PDT, especialmente no Nordeste, onde a legenda construiu sua base mais sólida.Sem o seu principal nome, o partido corre o risco de perder prefeitos, deputados e lideranças locais que hoje orbitam o grupo político do ex-ministro.
No Ceará, a mudança pode redesenhar o mapa eleitoral. O PDT, que comandou o estado por vários mandatos, enfrenta uma possível perda de protagonismo, enquanto o União Brasil e o PSDB tentam ocupar esse espaço.
“Se Ciro realmente deixar o partido, o PDT terá de se reinventar. Ele é o principal símbolo da legenda desde a década de 1990”, afirma um cientista político ouvido pelo Resenha Diária.
O tabuleiro nacional e o futuro político de Ciro
Com uma carreira marcada por passagens no PSDB, PPS e PDT, Ciro Gomes é conhecido por sua verve crítica e por se manter distante de alianças tradicionais. A aproximação com o Centrão, portanto, marca uma guinada estratégica.
O movimento pode abrir portas para novas articulações no Congresso e consolidar uma frente política capaz de influenciar as eleições de 2026.“Ciro é um político experiente e sabe que o jogo agora é de pragmatismo. Essa aproximação indica que ele quer continuar relevante”, analisa um interlocutor próximo.
Até o momento, Ciro não oficializou sua saída. Em entrevistas recentes, afirma que não pretende deixar o PDT nem disputar cargos em 2026 — mas poucos acreditam nessa versão. Nos bastidores, o consenso é de que a ruptura é inevitável e iminente.




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