Governo negocia cargos com o Centrão junto a Motta e líderes aliados
Editorial Resenha Diária
16 de out.
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Atualizado: 24 de out.
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Em meio ao desgaste político por derrotas recentes no Congresso, o governo anunciou que irá debater com o presidente da Câmara, Hugo Motta, e líderes partidários uma nova distribuição de cargos para o Centrão. A estratégia busca recompor a base aliada e pressionar decisões futuras em votações estratégicas.
A ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, afirmou que o governo promoverá reuniões ainda nesta semana com Hugo Motta e lideranças da base para tratar da substituição de indicados que foram exonerados após votações contrárias aos interesses do Planalto.
Segundo Gleisi, a reorganização deverá priorizar quem efetivamente se comprometer com as pautas do governo.
Motta já atua como mediador nas negociações: ele está convocando líderes do Centrão para rediscutir quais partidos terão acesso aos cargos e espaços no governo em troca de fidelidade nas votações.
A articulação passa por uma redefinição de quem está na base, com cortes e realocações — e uma mensagem clara: quem for governo deverá votar com o governo.
Fontes ligadas ao Planalto relatam que essa mobilização é uma reação à derrota sofrida em votação de uma medida provisória (MP) relacionada ao IOF, que exigia recomposição de receitas — muitos parlamentares da base votaram contra.
Após esse revés, o governo passou a avaliar que suas nomeações devem ser mais alinhadas com o apoio político efetivo.
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Para o Centrão, essa movimentação é esperada. Partidos que já se sentiram preteridos cobram maior participação nos espaços de governo. A aposta de Motta é que essas negociações restaurarão a confiança entre líderes e evitem novas dissidências.
Essa rearrumação pode influenciar diretamente a tramitação de projetos como a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), que será pauta central no Congresso nos próximos meses.
O governo pretende usar a força política renovada para garantir que suas propostas estratégicas tenham menor resistência.
No entanto, críticos alertam para os riscos dessa tática: dar tantos espaços ao Centrão pode comprometer a consistência do programa governista e aumentar dependência de barganhas políticas. Para opositores e setores independentes, essas negociações são vistas como troca direta entre cargos e votos, reforçando a ideia de “governo por arranjos”.
À medida que os encontros entre Gleisi, Motta e os líderes avançam, os próximos dias serão decisivos para definir quais legendas terão protagonismo no governo e quantos cargos serão repactuados. A aposta do Planalto é que esse gesto político garanta maior estabilidade institucional até 2026 — mas a fiabilidade desse novo suporte dependerá muito das próximas votações.
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