Investigação revela que homem comprou cadáver para enganar autoridades e fugir de acusações de estelionato e exercício ilegal da medicina
- Editorial Resenha Diária

- 19 de out.
- 3 min de leitura
O Ministério Público de Santa Catarina (MP-SC) revelou nesta semana novos detalhes sobre o caso do falso médico Rafael Capel, que simulou a própria morte utilizando o corpo de outra pessoa. Segundo a investigação, o acusado teria pago R$ 5 mil por um cadáver e contado com a ajuda de cúmplices para forjar um acidente e emitir documentos falsos de óbito.
O caso, considerado um dos mais inusitados do ano, veio à tona após a exumação do corpo enterrado como sendo o de Capel, que comprovou — por meio de exame de DNA — que o cadáver não pertencia ao homem. O MP agora o acusa formalmente por estelionato, falsidade ideológica, vilipêndio de cadáver e fraude processual.

O plano para escapar da Justiça
De acordo com o inquérito, Rafael Capel vivia foragido desde 2023, após ser denunciado por exercício ilegal da medicina em clínicas particulares de Santa Catarina e do Paraná.Durante as investigações, ele teria planejado uma encenação para simular um acidente de trânsito fatal, no intuito de escapar da prisão e recomeçar a vida com outra identidade.
A operação envolveu a compra de um corpo — que seria de uma pessoa morta em situação de vulnerabilidade — e a adulteração de documentos, incluindo registro de óbito, identidade e prontuário médico. O corpo foi queimado dentro de um veículo, em uma área rural de Imbituba (SC), para dificultar o reconhecimento.
“O acusado pagou R$ 5 mil em espécie por um cadáver e contou com a ajuda de comparsas para encenar sua morte. O objetivo era criar um falso laudo de óbito e encerrar as investigações criminais contra ele”, afirmou o promotor Eduardo Silveira, responsável pelo caso.
Descoberta e reviravolta
A farsa começou a ser desmontada quando a família do suposto médico apresentou inconsistências nos documentos do enterro. A Polícia Civil suspeitou da autenticidade do laudo e, com autorização judicial, realizou a exumação do corpo.O resultado do exame de DNA foi conclusivo: o corpo não era de Rafael Capel, mas de um homem não identificado, possivelmente vítima de abandono ou morte natural.
Após o resultado, o MP-SC solicitou a prisão preventiva de Capel, que foi localizado em uma pousada no litoral do Paraná, utilizando um nome falso e exercendo novamente a função de “médico estético”.
Crimes e penas possíveis
Capel agora responde por cinco crimes:
Falsidade ideológica – por adulterar documentos públicos;
Estelionato – ao aplicar golpes em pacientes e clínicas;
Exercício ilegal da medicina – por atuar sem registro no CRM;
Vilipêndio de cadáver – pela compra e uso indevido do corpo;
Fraude processual – por tentar enganar as autoridades.
Somadas, as penas podem ultrapassar 25 anos de prisão. O MP ainda investiga quem vendeu o corpo e como o cadáver foi obtido, suspeitando de uma rede de corrupção em funerárias e instituições de saúde da região.
Repercussão e próximos passos
O caso gerou repercussão nacional e reacendeu o debate sobre falhas na fiscalização de profissionais de saúde e na destinação de corpos sem identificação.O Conselho Regional de Medicina (CRM-SC) reforçou que o acusado nunca teve registro profissional e que denúncias semelhantes têm aumentado nos últimos anos.
O Ministério Público afirmou que novas diligências devem ocorrer até o fim de outubro e que o réu poderá ser transferido para o Complexo Prisional de Florianópolis, onde deve aguardar julgamento.
Conclusão
A descoberta de um falso médico que comprou um corpo para simular a própria morte expõe as brechas de um sistema que ainda permite a falsificação de identidades e o tráfico de cadáveres. O caso de Rafael Capel é mais do que um crime de fraude: é um alerta sobre ética, controle institucional e segurança jurídica no país.



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